domingo, 1 de novembro de 2015

Como se comportar em uma entrevista

Você foi selecionado para a tão esperada entrevista! Revisou seu CV, imprimiu uma cópia para entregar ao entrevistador, está vestido(a) adequadamente, estudou sobre a empresa e revisou mentalmente as principais perguntas que precisa saber responder. Agora, só falta um detalhe: como se comportar na hora da entrevista. Devo cumprimentar o entrevistador formal ou informalmente? Posso gesticular? Saio falando tudo para mostrar preparo ou espero o entrevistador perguntar?
A redação do Guia da Carreira foi conversar com um especialista em entrevistas de seleção para responder a essas dúvidas. Júlio Jota é gerente para TI e Vendas da consultoria especializada em recrutamento Page Personnel e explicou como se comportar na entrevista de emprego, com dicas que valem para qualquer área ou posição. Confira dez dicas a seguir!

1. Pontualidade

É básico, mas não custa reforçar: programar-se para chegar no horário combinado para a entrevista é fundamental. Mas e se algo der errado? O que fazer se acontecer algum imprevisto e você não conseguir chegar na hora? Melhor desistir ou chegar atrasado mesmo sem falar nada?
Júlio conta que os entrevistadores sabem que contratempos podem acontecer, principalmente nos grandes centros. A dica é avisar com a maior antecedência possível que vai atrasar (vale para pequenos e grandes atrasos), demonstrando cuidado e respeito com o entrevistador. “Essa atitude também vai ser avaliada”, explica.

2. Esperando na sala

Seja na recepção ou na sala onde acontecerá a entrevista, não precisa parecer um robô: sente-se confortavelmente, mas sem exageros! O corpo fala e, nessa hora, você quer demonstrar interesse e energia.

 Fique bem acomodado e confortável, sem parecer que está jogado no sofá da sua casa. E por mais que a ansiedade com a entrevista seja grande, fique sentado(a). Andar de um lado para o outro, bater o pé ou roer as unhas são atitudes que não vão ajudar em nada, além de demonstrarem pouco controle emocional.

3. Chegou o entrevistador

Você está sentado na sala de entrevista e chega o entrevistador. Qual o jeito certo de cumprimentar? Vale um aceno com a cabeça? Um “oi” discreto, para manter a distância e não parecer animado demais?
A dica do nosso especialista é bem objetiva: “Sempre levante quando o entrevistador entra. Quando o candidato não se levanta, isso pode ser interpretado como falta de empatia ou de educação.”
Levante-se e cumprimente o entrevistador com um aperto de mão firme (não precisa esmagar a mão, mas não vale aquele aperto de mão frouxo e desanimado). Júlio explica que o entrevistador quer sentir “uma energia positiva, um sinal de que o candidato está feliz por aquele momento.” Portanto, na hora de cumprimentar o entrevistador, mostre um sorriso, uma fisionomia aberta e receptiva, olhe no olho e crie uma conexão com a pessoa que vai conduzir a entrevista.

4. Estou nervoso(a). Posso dizer isso para o entrevistador?

“Dependendo da posição, se o candidato estiver muito nervoso já pode estar fora do processo”, comenta Júlio. Ele explica também que normalmente os entrevistadores tentam deixar o candidato à vontade pelo menos uma vez. Caso pergunte “Você está nervoso?” (e você estiver), pode dizer que está um pouco, mas não estenda o assunto nem ache que com isso tem uma desculpa para agir de qualquer jeito. A chave aqui está em procurar se recompor rapidamente e mostrar que tem controle emocional.

5. Durante a conversa

Como agir durante a entrevista? Mostrar que está preparado e seguir seu próprio roteiro ou contar com o improviso e pensar no que deve ser respondido somente quando for perguntado?
De acordo com Júlio, nem uma coisa nem outra. O melhor é demonstrar que está aberto e preparado, mas deixar o entrevistador conduzir a conversa e ter flexibilidade para se adaptar. E o jogo de cintura vale também para o estilo da conversa.
Se as perguntas se tornarem mais agressivas e desafiadoras, mantenha a calma e responda objetivamente. Pode ser que o entrevistado esteja testando como você se comporta sob pressão. E se o entrevistador for para o outro extremo, chamando você pelo apelido, usando gírias e parecendo estar bem à vontade, a dica do especialista é adaptar-se sem virar “amigo íntimo”.  Você pode sorrir, mas continue a chamar o entrevistador pelo nome e evite palavrões, mesmo que o entrevistador os use.
Ao falar sobre sua experiência, Júlio recomenda “começar do macro para o micro”, demonstrando ter uma linha clara de raciocínio. Você pode, por exemplo, começar falando brevemente o que a empresa faz e em qual setor da economia atua. Em seguida, fale em qual departamento trabalhou, qual sua função e, então, qual foi o seu diferencial. Imagine que está respondendo a estas perguntas básicas: O quê? Como? Por quê? Qual o resultado?
Exemplificar com números e resultados qualitativos também  conta pontos nessa hora e Júlio avisa que “se não for pedido, não é preciso levar apresentações e  relatórios”.

6. Será que vai dar tempo de falar tudo?

Na dúvida, pergunte. “Caso o entrevistador não fale quanto tempo vai durar a entrevista, é inteligente o entrevistado perguntar quanto tempo ele tem. Sabendo a regra do jogo, fica mais fácil adaptar o discurso ao tempo disponível”, recomenda Júlio.

7. Posso gesticular?

Durante nossa conversa com o especialista em recrutamento e seleção, as expressões“naturalidade” e “bom senso” surgiram várias vezes. “Um dos segredos da comunicação como um todo, e que vale para uma entrevista, é a naturalidade. Você não pode tentar ser uma coisa que não é, senão já começa mal. O entrevistador vai perceber isso”, avisa Júlio.
Ele diz que é positivo gesticular, demonstrar emoção na hora certa, mostrar que sente orgulho do que conquistou. O segredo é equilibrar naturalidade com bom senso, sem exagerar.

8. Pega bem fazer perguntas no final?

Júlio comenta que fazer algumas perguntas sobre a vaga e o momento da empresa (caso o entrevistador não tenha comentado) mostram que o candidato está interessado. Perguntas como quais são os desafios daquela oportunidade, se é uma posição nova ou reposição de alguém que saiu e quais os próximos passos do processo podem pegar bem.
Já perguntas básicas sobre o que a empresa faz (espera-se que o candidato saiba), ou indagar sobre salário e benefícios antes mesmo de saber se foi selecionado não pegam nada bem.
E perguntar como foi seu desempenho na entrevista? Nesse caso, Júlio recomenda cautela. Perguntar “E aí, você acha que eu fui bem?” denota insegurança e vale, no máximo, para quem está disputando uma vaga de estágio.
Mas perguntas específicas sobre a seleção estão liberadas. Você pode, por exemplo, dizer ao entrevistador: “Não sei se você pode comentar, mas gostaria de um feedback seu com relação à  vaga, queria entender se o meu perfil se encaixa na posição”. Nesse caso, Júlio reforça que é importante aceitar a resposta e agradecer, sem fazer justificativas ou insistir.

9. O que dizer na despedida

Ufa, acabou a entrevista!
Será? Lembre que a sua postura está sendo avaliada do começo ao fim e não custa nada ser educado(a). Júlio recomenda despedir-se do entrevistador com o mesmo cuidado do início: “cumprimente firme, olhe no olho e agradeça pela oportunidade”.

10. Dicas Bônus: Chiclete, celular e outras escorregadas

“Não ir para a entrevista de qualquer jeito, encarar a conversa como um momento especial e estar ali por inteiro, de corpo e alma” são algumas das recomendações gerais do especialista sobre como se comportar na entrevista de emprego. Júlio cita mais algumas:

  • Desligue o celular…
… e esqueça que ele existe. Se tiver um caso muito especial, avise o entrevistador logo no início. Diga, por exemplo: “Posso pedir um favor? Estou com um problema com meu filho, ele está no hospital, e talvez eu precise atender o celular. Tudo bem?”
Esqueceu de desligar e o celular tocou no meio da entrevista? Não precisa entrar em pânico. Júlio avisa que não é por causa desse incidente que o candidato será eliminado e diz como lidar com a situação: “Desligue o aparelho imediatamente, peça desculpas e aja com naturalidade, como se não tivesse acontecido.”
  •  Chicletes, piercings e tatuagens
Na opinião de Júlio, é melhor tirar os piercings e evitar mostrar as tatuagens na entrevista. E avisa que mascar chicletes nunca pega bem, nem para vagas em lugares mais informais.
  • Aparência
Outra dica básica que não custa lembrar é cuidar da aparência. Júlio resume: “não use muito perfume, esteja com os dentes escovados, de banho tomado e bem vestido”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário